Revoltas Coloniais

Leia este trecho, que contém uma fala atribuída a Joaquim José da Silva Xavier:

“… se por acaso estes países chegassem a ser independentes, fazendo as suas negociações sobre a pedraria pelos seus legítimos valores, e não sendo obrigados a vender escondido pelo preço que lhe dessem, como presentemente sucedia pelo caminho dos contrabandos, em que cada um vai vendendo por qualquer lucro que acha, e só os estrangeiros lhe tiram a verdadeira utilidade, por fazerem a sua negociação livre, e levado o ouro ao seu legítimo valor, ainda ficava muito na Capitania, e escusavam os povos de viver em tanta miséria.”

(Autos de Devassa da Inconfidência Mineira. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados; Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1980. v. 5, p. 117.)

A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que os Inconfidentes Mineiros de 1789:

A)acreditavam que o contrabando aumentava o valor recebido pelas pedras e ouro, pois dificultava sua circulação.
B)consideravam que o monopólio comercial explicava por que as regiões de que se compunha Minas Gerais, cheias de pedras e ouro, ficavam mais ricas.
C)defendiam o livre-comércio, por meio do qual pedras e ouro adquiririam seu real valor, uma vez que seriam vendidos aos estrangeiros legalmente.
D)pensavam que os estrangeiros poderiam tirar vantagens do livre-comércio das pedras e ouro, visando a aumentar seus lucros.

Gabarito: C

Na minha interpretação as afirmativas C e D estão corretas! Alguém pode me apontar o erro da alternativa D?

Mesmo naquela época as pedras tinham seu valor de mercado estabelecido pela lei de oferta x demanda. O valor final de mercado quando as pedras chegavam à Europa era o mesmo quaisquer que fossem os caminhos percorridos. Nada mudava para os europeus, compradores finais.

Através do contrabando os mineiros só conseguiam valor abaixo de mercado. Eram os únicos prejudicados.

Não entendi bem a resposta! Portanto, considerei dois fatos baseados na sua resposta.

Se considerarmos que as pedras preciosas e o ouro são principalmente recolhidos, por meio de impostos de acordo com a legislação régia de cada Estado Europeu, e destinados ao tesouro nacional de cada país. Percebe-se que, quem detinha o poder sobre a taxação desses metais preciosos era o chefe de estado junto ao seu conselho. Assim, a taxação era feita com base na lei da oferta x procura, por isso nada mudava para os compradores finais, comerciantes europeus.


Agora se considerarmos que esses metais preciosos chegavam a Europa por meio de comerciantes Europeus oriundos da colônia ou por Europeus provenientes da própria metrópole.Então, de certa forma os estrangeiros, em relação aos mineiros contrabandistas - detinham a vantagem sobre a venda de pedras e ouro. Devido ao livre-comércio que poderiam fazer com essas pedras e ouro, aumentando o seu preço final e portanto o seu lucro.

Concorda! Se não concordar, poderia me explicar melhor?

Devido ao livre-comércio que poderiam fazer com essas pedras e ouro, aumentando o seu preço final e portanto o seu lucro.

O preço de mercado de um "commodity", por exemplo ouro ou pedra preciosa, não é formulado pelo vendedor. É um valor que conjuga a oferta (disponibilidade do bem no mercado) com a demanda (procura do bem pelos compradores). Se em dado momento um quilate de esmeralda tiver um valor de mercado de 200 patacas, toda oferta em valor superior não encontrará comprador.

Um contrabandista, no Brasil podia vender essa esmeralda por 50 patacas e seu comprador somente a venderia no mercado europeu pelas 200 patacas de mercado. O lucro desse comprador era somente às custas do contrabandista, o único que perdia.

Ótima explicação, Euclides !!!

Euclides muito obrigado! Entendi perfeitamente agora.